Beatificação de 19 áپ da é
Cidade do Vaticano
A causa de beatificação dos 19 argelinos foi encaminhada depois da celebração dedicada aos mártires do século XX no Coliseu em Roma, em 7 de maio de 2000.
Os religiosos escolheram viver ao lado dos argelinos, simplesmente para ficar ao lado deles, cultivar o diálogo e oferecer um sinal de convivência pacífica apesar das atrocidades diárias. Estimulados por este propósito os 19 religiosos, religiosas, sacerdotes e consagrados não abandonaram o país nos difíceis anos de terrorismo.
A década de terrorismo iniciou em 1991 e se concluiu em 2002, e foi marcada por atentados e combates cruéis entre as forças armadas do governo (instituído depois de um golpe de Estado) e fundamentalistas islâmicos, (que tinham vencido as eleições mas foram impedidos de tomar o poder) nos quais morreram 150 mil pessoas.
Entre estes os 19 mártires (13 religiosos, entre os quais um bispo, e 6 religiosas) que serão beatificados em 8 de dezembro em Oran, na igreja de Nossa Senhora da Santa Cruz.
Há anos estavam integrados na comunidade para testemunhar o seu amor gratuito – oferecendo de todas as formas ajuda de maneira simples e humilde – queriam continuar a ser simplesmente cristãos entre os muçulmanos, ao lado dos vizinhos, dos jovens dos idosos ou dos mais necessitados. Ao invés disso, o Grupo Islâmico Armado (GIA), considerou-os inimigos do islã.
Irmão Henri Vergès e irmã Paul-Hélène Saint-Raymond
No dia 8 de maio de 1994, na biblioteca da diocese de Argél, na casbah, foram assassinados irmão Henri Vergès e irmã Paul-Hélène Saint-Raymond. Irmão Henri era o responsável pela biblioteca. De nacionalidade francesa, tinha sido diretor de uma escola e professor de matemática. Dizia: “meu compromisso como marista permitiu-me, apesar dos meus limites, de me integrar hamoniosamente em um ambiente muçulmano, e a minha vida neste ambiente, por sua vez, fez com que eu me realizasse ainda mais como cristão marista. Deus seja louvado”
Irmã Paul-Hélène Saint-Raymond, chegou na Argélia em 1963, formada em engenharia, religiosa das Pequenas Irmãs da Assunção, e estudou enfermagem antes da sua missão. Nos bairros pobres da capital oferecia assistência aos mais pobres e trabalhava junto com o irmão Henri entre os jovens. Anunciar Cristo na sociedade muçulmana significava respeitar o credo do outro e ao mesmo tempo aprofundar a própria fé cristã.
Irmã Caridad Álvarez Martín e Irmã Ester Paniagua
As irmãs Caridad Álvarez Martín e Ester Paniagua, freiras agostinianas missiona´rias, espanholas, eram conhecidas por todos no bairro Bab el-Oued, em Argel, estavam sempre ao lado dos idosos, crianças com necessidades e famílias necessitadas. Foram mortas enquanto estavam indo para a missa em 23 de outubro de 1994. Irmã Caridad estava na Argélia há mais de 30 anos. “Estou aberta para o que Deus e meus Superiores quiserem que eu faça. Maria estava aberta para a vontade de Deus – afirmava – neste momento quero ficar com esta atitude diante de Deus”. As palavras da irmã Ester são comovedoras, - particularmente dedicada aos doentes e se integrava muito bem na cultura árabe – quando lhe perguntavam se tinha medo da situação nos país dizia:
Os quatro Padres Brancos de Tizi Ouzou
Em 27 de dezembro de 1994, em Tizi Ouzou quatro Padres Brancos, incluindo três cidadãos franceses foram mortos por um grupo de homens armados. Morreram os franceses padre Jean Chevillard, padre Alain Dieulangard, e o padre Christian Chessel, e um belga, padre Charles Deckers: “Sei que posso morrer assassinado – dizia padre jean enquanto a violência se espalhava na Argélia. A nossa vocação é testemunhar a fé cristã em terras muçulmanas. Por isso ‘Inch Allah!’”. Eram muito conhecidos em Tizi Ouzou, padre Alain era missionário há muitos anos, e era professor, padre Christian criou uma biblioteca para estudantes e padre Charles, sabia falar berbero e dirigia um centro para a juventude. Centenas de muçulmanos participaram do enterro dos padres.
Irmã Bibiane Leclercq e Irmã Angèle-Marie Littlejohn
Em 3 de setembro de 1995, foram assassinadas enquanto voltavam da missa em Belouizda as Irmãs Angèle-Marie Littlejohn, religiosa francesa das Irmãs Missionárias de Nossa Senhora dos Apóstolos, e a Irmã Bibiane Leclercq, das Irmãs Missionárias de Nossa Senhora dos Apóstolos. Trabalhavam no orfanato e no colégio para meninas dirigido pela Congregação. Davam cursos de corte e costura e bordado e ajudavam as famílias com necessidades. “São as próprias pessoas que pedem pelas irmãs” dizia irmã Bibiane quando perguntavam se ficava ou não na Argélia. Pouco antes de morrer disse a uma religiosa que tinha sofrido o medo com ela disse:
Irmã Odette Prévost
Apenas dois meses depois foi morta Irmã Odette Prévost, religiosa francesa das Pequenas Irmãs do Sagrado Coração. Trabalhou como missionária em várias cidades do Magreb e para compreender o islã – a religião das pessoas ao seu redor – lia o Alcorão e participava de grupos de oração de cristãos e muçulmanos. Sabia que a sua vida estava em perigo e definia o contexto sócio-político em que se encontrava um “momento privilegiado para viver com mais verdade, fidelidade a Jesus Cristo e ao Evangelho”.
A história dos sete monges de Tibhirine
A história dos sete monges de Tibhirine é talvez a mais atroz. Foram sequestrados em 26 de março de 1996 no mosteiro de Nossa Senhora de Atlas a 60 quilômetros de Argel, e somente dois meses depois foram encontradas suas cabeças nas proximidades de Medéia.
Irmão Luc Dochier, Irmão Christophe Lebreton, Irmão Michel Fleury, padre Bruno Lemarchand, padre Célestin Ringeard, irmão Paul Favre-Miville e padre Christian de Chergé foram sepultados no cemitério de seu mosteiro em 4 de junho. A história dos monges é contada n o filme “Homens e Deuses” de 2010.
Decidiram ficar na Argélia, apesar do crescente clima de terror, depois de muita reflexão e a decisão de compartilhar a dor. A decisão deles exprimia a voontade de estar junto com as pessoas – que eles consideravam amigos – e de compartilhar, principalmente com os mais pobres, os perigos de violência. Mesmo com diferenças entre eles, os religiosos de Tibhirine eram unidos pelo amor ao povo argelino, pelo respeito ao islã e pelo desejo de pobreza.
Dom Pierre Claverie, bispo de Oran
Um dos últimos mártires cristãos da Argélia é o bispo Dom Pierre Claverie, religioso dominicano. Foi morto em 1º de agosto de 1996 junto com seu motorista e um amigo muçulmano Mohammed Bouchikhi, diante da Cúria da diocese.
Não se cansava de exortar a todos para uma convivência pacífica no respeito mútuo e dedicava sua vida ao compromisso em favor do diálogo. No ícone da Beatificação dos 19 mártires da Argélia Mohammed está presente pois decidira içar ao lado de dom Claverie colocando a própria vida em perigo.
Este é um modo de recordar que na década sombria na Argélia, cristãos e muçulmanos morreram pela mesma causa. Não queriam que o terror predominasse na vida de todos os dias e desejavam testemunhar para um possível diálogo.
Dom Claverie dizia: “Devemos tomar parte do sofrimento e da esperança da Argélia, com amor, respeito, paciência e lucidez”. E ainda:
"Não se trata de correr para a morte, nem buscar o sofrimento pelo sofrimento… mas é derramando o próprio sangue que se aproxima de Deus”.
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