Honduras: Bispos apelam ao combate da corrupção e abuso de poder
Alina Tufani - Cidade do Vaticano
“Recordamos e pedimos aos políticos para reabilitar a política, respeitar a Constituição ao invés de violá-la, adaptando-a a seus interesses particulares e para reforçar o quadro jurídico e institucional atual, sem enfraquecê-lo com leis, decretos e decisões sob medida para proteger e garantir impunidade às pessoas culpadas de corrupção”. Este é o forte apelo dos bispos de Honduras na mensagem difundida, sexta-feira (08/06) no final da Assembleia Plenária.
Seis meses após as eleições gerais, os bispos afirmam que a insatisfação pelas condições de vida dos cidadãos aumenta dia a dia e a credibilidade e confiança nas instituições e nos principais atores da vida política diminuem cada vez mais. “Não devemos cair no erro de pensar - advertem - que o país entrou em um estado de normalidade ou tranquilidade e que a crise foi superada”.
Diálogo político e social urgente
Os bispos reiteram que, diante da crise, marcada pela “ambição desmedida de alguns” e ante “à incapacidade da classe política de dialogar”, é urgente promover outros espaços de diálogo. Espaços onde o principal ator seja a sociedade e o direito dos cidadãos de serem ouvidos e apoiados através das ferramentas e mecanismos previstos na lei: o plebiscito, o referendo e as consultas aos cidadãos. Segundo os bispos, tais ferramentas teriam impedido que a questão da reeleição presidencial alimentasse a crise política institucional.
Os poderes que governam o país como um patrimônio privado
Até mesmo a corrupção, que afeta transversalmente todas as instâncias institucionais - políticas e econômicas - preocupa os bispos, comprometidos em acompanhar qualquer iniciativa cidadã para combater a corrupção. “Isso significa defender a dignidade e os direitos do povo empobrecido, vítima do poder político e econômico”. “Esses poderes - afirmam - consideram o país seu patrimônio privado, um Estado a ser saqueado como quiserem”.
Um modelo de escola pluralista respeita a religião
Os bispos também reiteraram que o direito à liberdade religiosa deve ser protegido e que os pais devem escolher a proposta educacional mais apropriada para seus filhos. No mês passado, a moção aprovada pelo Parlamento que prevê a leitura diária da Bíblia nas escolas públicas provocou polêmica e protestos. Apresentada pela Confraria Evangélica de Honduras, pela Igreja Católica e pela Secretaria do Ministério da Educação, a proposta é promover valores e princípios éticos e morais cristãos para combater a violência, a delinquência e o consumo de drogas e álcool nas escolas .
Solidariedade com os povos da Nicarágua e da Guatemala
No final da mensagem, os bispos de Honduras pedem a Nossa Senhora da Paz, padroeira do país, que conforte o povo da Guatemala – “que sofre a violência de um vulcão em erupção" - e interceda pela Nicarágua, “onde abuso e exploração dos governantes causaram crises e muitas vítimas”. Uma situação que, segundo os bispos hondurenhos, poderia também se repetir em seu país “se não buscarmos uma verdadeira conversão aos valores da democracia”.
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