Reconhecido o martírio de Dom Angelelli, 'bispo dos pobres' da Argentina
Cidade do Vaticano
Dom Enrique Angelelli, "bispo dos pobres da Argentina”, será beatificado em breve. Assassinado por militares em 4 de agosto de 1976, depois de 42 anos, o seu martírio e o dos companheiros padres Carlos Murias e Gabriel Longueville e o leigo Wenceslao Pedernera, foi reconhecido pelo Vaticano.
Filho de imigrantes italianos, sempre ao lado de pobres e operários
“Para servir, é preciso ter um olho no Evangelho e outro no povo”, costumava dizer Dom Angelelli que com sua missão, deu impulso à evangelização do mundo do trabalho, procurando nos ensinamentos de Jesus e no Evangelho as respostas concretas e efetivas aos problemas dos trabalhadores.
Nascido em Córdoba em 1923, aos 15 anos entrou no seminário e se ordenou em 1949, em Roma. Em 1951 retornou à Argentina e ali amadureceu sua predileção pelos pobres. Começou a visitar as “villas miserias”, as favelas argentinas. Fundou um movimento juvenil, tornou-se assistente da Juventude Operária Católica e Universitária; começou a ensinar no Seminário.
A experiência episcopal
Em 12 de dezembro de 1960, o Papa João XXIII o fez bispo auxiliar de Córdoba. A catedral ficou pequena no dia de sua consagração. Participou das três ultimas sessões do Concílio Vaticano II, respirando ares de renovação na Igreja. Em 1964 apoiou o pedido de alguns padres por uma nova concepção de missão na Igreja. Foi afastado do governo de sua diocese, mas Paulo VI, em 1968, o nomeou titular de La Rioja, noroeste do país, e ali iniciou um serviço pastoral de proximidade aos trabalhadores e agricultores, promovendo a organização de cooperativas. Denunciou a usura, a droga, as casas ilegais de jogo e a exploração da prostituição pelos poderosos da sociedade. Foi contestado pelos conservadores que, em junho de 1973, interrompem a celebração de uma missa, jogando pedras contra ele.
Padres Murias e Longueville e o leigo Pedernera
Começaram a aumentar os riscos para o bispo. Em julho de1976 , foram encontrados massacrados e mutilados os corpos de seus dois padres mais engajados, o jovem franciscano Carlos Murias e o pároco de Chamical, Gabriel Longueville, fidei donum francês. Defendiam os direitos dos camponeses.
Alguns dias depois, o agricultor Wenceslao Pedernera, organizador do Movimento rural católico, foi assassinado em sua casa, diante da esposa e das filhas, por 4 homens encapuzados.
E logo em seguida, 4 de agosto, foi Dom Angelelli a morrer num falso acidente automobilístico. Em julho de 2014, dois altos militares foram condenados à pena de morte por aquele crime. Testemunhas os haviam visto atirar na cabeça do bispo depois da simulação do acidente.
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