A Vig¨ªlia Pascal resgatada
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
No nosso espaço Memória História ¨C 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a falar sobre a celebração da Vigília Pascal após Pio XII.
Na noite do Sábado Santo, o Papa Francisco presidiu na Basílica de São Pedro à Celebração da Vigília Pascal com o batismo de 8 catecúmenos adultos, provenientes de diferentes países.
A Vigília Pascal, como falamos em nosso programa anterior, foi restabelecida pelo Papa Pio XII, já antes do Concilio Vaticano II. Em 1951, de fato, o Pastor Angelicus - como era chamado - celebrou a Vigília Pascal como era feito nas origens, ou seja, na noite do Sábado Santo para o Domingo da Páscoa. O Concílio Vaticano II apenas confirmou esta decisão.
Antes da reforma litúrgica da Semana Santa feita por Pio XII, a Vigília Pascal era celebrada durante o dia, destoando da primitiva tradição litúrgica. Para tanto, para proporcionar o escuro que ainda hoje é requerido, eram tapadas as janelas das igrejas. Pelo século VII, anteciparam a celebração da Vigília pascal da noite do sábado para as 14h do sábado.
Na edição de hoje, padre Gerson Schmidt dá continuidade em sua reflexão ao tema da Vigília Pascal e o sentido da Páscoa:
¡°Queremos recordar algumas coisas que aqui já lembramos quando da celebração da Páscoa. A noite da Vigília Pascal não pode ser comparada com nenhuma Missa, nem com nenhuma vigília de oração, nem com nada. A comparamos sim com a Páscoa Judaica, memorial irrevogável de Deus com um povo escolhido.
Mas a Páscoa Cristã é todo um memorial junto com o qual o próprio Deus se empenhou para realizar esta Aliança que prometeu a Abraão e os profetas. A Páscoa não é uma missa de meia noite, mas algo muito maior. É Deus que passa.
Nós não celebramos a Páscoa ou vamos à Páscoa ou damos algo à Páscoa. É a páscoa que vem com potência a nós. Deus irrompe e o poder da sua passagem(Pessach-Páscoa) convida-nos a sair de nosso Egito interior, das trevas de nossos pecados, de nossas ilusões, para passar da escravidão à liberdade, da tristeza à alegria, da morte para a ressurreição, no hoje de nossa vida.
É a páscoa que Jesus Cristo fez. Agora, a Páscoa, a vitória de Cristo sobre todo o mal, vem para ser celebrada em nós.
Já Pio XII, na Encíclica Mediator Dei, no número 144, já antes da SC, expunha essa ressurreição de cada um de nós na Páscoa ¡°Na solenidade pascal, que comemora o triunfo de Cristo, sente-se a nossa alma penetrada de íntima alegria, e devemos oportunamente pensar que também nós, junto com o Redentor, surgiremos, de uma vida fria e inerte para uma vida mais santa e fervorosa, a Deus oferecendo-nos todos, com generosidade e esquecendo-nos desta mísera terra para só aspirar ao céu: "Se ressuscitastes com Cristo, procurai as coisas supremas, aspirai às coisas do alto¡± (Col 3,1-2).
A festa pascal é o lugar onde tudo converge e a fonte da qual tudo emana. Todo o culto cristão não é nada mais que uma celebração continuada da Páscoa. Tudo brota da fonte pascal. Como o sol, que não cessa de levantar-se sobre a terra, atrai para sua órbita todos os astros, a noite da Páscoa é rodeada por todas as eucaristias que continuamente e diariamente, a cada minuto, são celebradas em toda a terra, porque participam da Páscoa, assim como participam todos os sacramentos e sacramentais.
São celebrações da grande Páscoa, do único Mistério Pascal. O Catecismo da Igreja Católica, à luz do Concilio, diz: ¡°O ano litúrgico é o desdobramento dos diversos aspectos do único mistério pascal. Isto vale muito particularmente para o ciclo das festas em tomo do mistério da encarnação (Anunciação, Natal, Epifania) que comemoram o começo de nossa salvação e nos comunicam as primícias do Mistério da Páscoa¡± (CIC, 1171).
Somos todos filhos desta Igreja que redescobriu o valor e o sentido da Páscoa, da grande Vigília Pascal. O movimento litúrgico, bíblico e toda a renovação conciliar trouxeram esse dinamismo a Páscoa, para colocar em movimento a história e o mundo, o ser humano celebrativo, mergulhado na morte de Cristo e ressuscitado com Ele. Na Páscoa, todas as coisas são renovadas em Cristo¡±.
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