É preciso uma cultura de paz diante da ±¹¾±´Ç±ôê²Ô³¦¾±²¹ no campo
Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá, PA
Dados significativos que foram divulgados pela CPT nacional afirmaram que a violência está aumentando no campo nesses últimos anos. Eles são preocupantes porque tiram a vida de muitas pessoas, sobretudo os trabalhadores e trabalhadoras que trabalham no campo. São elementos que nos fazem refletir sobre o trabalho que devemos programar sempre mais em favor do bem comum para o nosso povo, sobretudo aquele que vive no campo.
Os assassinatos decorrentes de conflitos de terra com os sem terras, assentados, acampados muitas vezes assumidos por mandantes, por jagunços, pistoleiros ou mesmo pelo agro negócio possibilitaram diversas mortes nas duas partes mas sobretudo por agricultores e agricultoras no campo. Ocorreram alguns massacres em diversos Estados, como na Bahia, no Mato Grosso, no Pará e em Rondônia.
21 mortes no campo
No ano de 2017 lidera o Estado do Pará com 21 mortes no campo, de trabalhadores e trabalhadoras rurais que tombaram por terra por causa da violência. 10 mortes foram no Pau D´Arco no Sul do Pará. Outro dado que a CPT Nacional divulgou na qual é importante a reflexão são os números dos massacres que até agora ocorreram desde 1985, nos quais totalizaram 26 massacres. Os massacres são assassínios de pessoas sem defesa.
Nós estamos refletindo a CF 2018 para que haja a superação da violência, porque essa perpassa todos os níveis da sociedade, de modo que somos chamados a sermos irmãos e irmãs uns dos outros, assim como nos fala Jesus Cristo. A violência atinge a todas as pessoas, mas sobretudo as mais necessitadas e pobres. Neste período foram 46 massacres com 220 vitimas, sendo 26 no Pará com 125 vitimas.
A cultura de paz
Isso nos faz pensar a importância da paz e do amor, da cultura de paz, que nós devemos cultivar seja no campo, seja na cidade, da civilização do amor na qual nos falava o Beato Papa Paulo VI. A terra foi dada para todos, é dom de Deus, segundo os Padres da Igreja, teólogos, pastores da Igreja primitiva, dos primeiros séculos. O que vemos a concentração da terra nas mãos de poucas pessoas, e uma grande maioria de pessoas não tem terra, de modo que estão ao longo das rodovias, ou acampados em cantos de alguma fazenda, esperando a oportunidade para ter um pedaço de terra, através da reforma agrária.
As autoridades governamentais deveriam olhar com maior carinho essas coisas para que diminua a violência no campo e também aqueles que não tem terra possam ter um dia um pedaço de terra para plantar e ganhar o pão de cada dia. Assim a violência dará lugar a uma vida mais tranqüila no campo, sobretudo aos pequenos agricultores e agricultoras nas quais querem viver bem conforme a Vontade de Deus e assim toda a população será beneficiada com a graça de Deus.
A impunidade continua
A impunidade está em alta porque poucas pessoas foram julgadas e levadas ao processo até o fim ficando presas pelos crimes cometidos. O fato é que a impunidade continua sendo a regra para crimes realizados contra os trabalhadores e trabalhadoras do campo, assim dizia a Anistia internacional, em relação ao massacre de Eldorado dos Carajás, que foi cometido em 17 de abril de 1996, na curva do S, perto do município de Eldorado dos Carajás.
Os dados que a violência no campo estão aumentando ajudem a pensar e agir para que todos vivam bem na terra, dom de Deus. Somos chamados a partilha das coisas e dos meios para a vivência digna conforme a vontade de Deus. Ela não pode ser concentrada em algumas pessoas com grandes fazendas, com muitos animais e milhares de famílias sem as devidas condições de vida e sem terra. Ocorreram os conflitos e mortes no campo, devido ao egoísmo da parte do ser humano, enquanto a vida de paz e de amor deveriam reinar para todas as pessoas. Jesus fala que os mansos herdarão a terra, e por isso são bem-aventurados (Cf. Mt 5,5).
Lutemos pela paz e amor no campo de modo que todos tenham terra. O amor do Senhor nos una nesta caminhada de fé, de esperança e de caridade.
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