P¨¢scoa em Aleppo: paz ainda distante, diz vig¨¢rio apost¨®lico
Cidade do Vaticano
A comunidade cristã vive as celebrações da Semana Santa que preparam a Páscoa em um clima que mistura esperança e ceticismo, pois ainda não se sabe como tudo acabará.
Sentimento expresso à Agência Asianews no meio desta semana pelo vigário apostólico de Aleppo dos Latinos, Dom Georges Abou Khazen, que não esconde a própria preocupação ¡°pela nova intervenção estrangeira [leia-se Turquia, em Afrin] no norte do país¡±.
¡°Temos esperança, mas a sensação é de que estão despojando este país e dividindo as suas vestes¡±, sublinha.
Oito anos de guerra
As intenções de oração dos fiéis ¨C revela o prelado ¨C são ¡°sempre voltadas para a paz. Quando cessarem as armas, então será possível recomeçar com o trabalho e voltar a uma vida tranquila, serena, como era antes do conflito¡±.
¡°É comovente ¨C prossegue o prelado ¨C ver todas estas pessoas que se reúnem para participar das orações, das celebrações, nos ritos, com um único desejo que as une: celebrar a paz¡±.
Esta ¨C recorda o vigário apostólico ¨C será a oitava Páscoa de guerra. Todavia, permanece viva a esperança de que o testemunho de Cristo Salvador possa infundir um renovado otimismo e que, depois da Via sacra, chegue também a Ressurreição¡±.
Rastros de sangue
Depois de ter entrado em seu oitavo ano, o conflito sírio continua a provocar vítimas entre a população civil.
Aleppo, que já foi a capital econômica e comercial da Síria, hoje traz os sinais deste longo rastro de sangue: muitas indústrias e empresas, coração da produção local, ficaram em ruínas. Milhares de famílias fugiram e a própria comunidade cristã reduziu-se em dois terços. O futuro permanece uma incógnita, sobretudo para os jovens.
Ajuda da Igreja para a população necessitada
Em um contexto de violência e devastações, a Igreja deu vida nestes anos a diversos projetos de apoio e ajuda às populações.
Entre estes, recordamos a limpeza da cidade, o auxílio aos jovens recém casados, dos pacotes de alimentos ao fornecimento de energia elétrica, os centros de verão para as crianças, as contribuições para pagar despesas médicas e compras de remédios, as consultas, exames, cuidados.
São todas iniciativas em favor dos necessitados, que em muitos casos, as pessoas de Aleppo ¨C por anos epicentro do conflito sírio ¨C não podem ¡°dar-se ao luxo¡±.
Sinais de esperança
De uma cidade martirizada, chegam porém sinais de esperança. Em 18 de março, 35 jovens da paróquia latina receberam o Sacramento do Crisma das mãos do vigário apostólico, ao lado do pároco local, padre Ibrahim Alsabagh.
O sinal de uma comunidade viva, que quer crescer e testemunhar a presença de Cristo, fonte de paz e salvação.
¡°O número de fiéis nestes anos ¨C sublinha Dom Georges ¨C diminuiu, mas a nossa Igreja permanece viva. Ver a assiduidade com que as pessoas participam das celebrações é fonte de esperança. Quando o Senhor nos salvar e nos der um futuro, será também graças a esta comunidade viva¡±.
Impossível ficar indiferentes
¡°Conhecemos a morte e a destruição ¨C afirma o prelado ¨C mas ao mesmo tempo vivemos grandes testemunhos de amor e solidariedade. A guerra continua e provoca a cada dia novas vítimas, um número realmente exagerado de mortes. As pessoas continuam a fugir do próprio país. Diante de todo este sofrimento, não podemos permanecer surdos e impassíveis, mesmo depois de oito anos, não podemos nos resignar à lógica da violência e da guerra¡±.
A fé, mais forte que a morte
A fé é mais forte do que a morte ¨C sublinha o prelado ¨C por isto as cerimônias estão sempre cheias de fiéis.
Um dos momentos significativos esta semana, foi a procissão dos cristãos de Aleppo na noite de Sexta-feira Santa, e que percorreu todas as igrejas da cidade.
¡°Por ocasião da Páscoa ¨C concluiu o vigário apostólico - renovo o convite para rezarem por esta nossa comunidade, que é viva. Para que o Cristo ressuscitado possa infundir a paz em Aleppo e em toda a Síria¡±.
(Asianews)
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