Bartolomeu I: não há espiritualidade verdadeira desprovida de frutos
Cidade do Vaticano
Durante a Quaresma somos chamados a viver de modo mais profundo a Economia criativa e salvífica do Deus Trino e a participar num modo mais claro da anáfora escatológica, na direção e no justo caminho da vida eclesiástica e espiritual. É a exortação do patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, em sua mensagem para o início da Quaresma ortodoxa, na próxima segunda-feira, 19 de fevereiro.
Nós nos damos conta do trágico beco sem saída da magniloquência auto-salvífica do Fariseu, da dureza do coração do filho maior da parábola do Filho Pródigo, do cruel desinteresse pela fome, a sede, a nudez, a doença, o abandono do próximo, de acordo com a narração evangélica sobre o juízo final.
Alcançar o encontro pessoal com Cristo ressuscitado
“Somos exortados a imitar a conversão e a humildade do Publicano, o retorno do filho pródigo à casa do Pai e à confiança na Sua Graça, a imitar aqueles que fazem misericórdia aos necessitados” e, fortificados mediante a veneração dos ícones sagrados e a venerada Cruz, “alcançar o encontro pessoal com Cristo ressuscitado dos mortos e doador de vida”, lê-se na mensagem.
Durante este período abençoado revela-se com particular ênfase o caráter comunitário e social da vida espiritual. Não nos encontramos sozinhos, não estamos sozinhos diante de Deus, afirma o patriarca ecumênico acrescentando que não somos uma soma de indivíduos, mas uma comunhão de pessoas, para as quais “ser” significa “estar juntos”.
Viver a verdade na caridade
Insistindo sobre o caráter comunitário na vida da Igreja, Bartolomeu I afirma ainda que não jejuamos como queremos individualmente, mas como a Igreja estabelece. Nosso esforço ascético, acrescenta, é operativo no âmbito de nossas relações com os outros membros do corpo eclesiástico, como participação nos fatos e vicissitudes, que formam a Igreja como comunidade de vida, como “viver a verdade na caridade”.
A espiritualidade ortodoxa está inseparavelmente unida à participação de toda a liturgia da vida da Igreja, que tem seu ápice na Divina Eucaristia, “constitui devoção que é alimentada e que adquire dimensão na ou mediante a Igreja”.
"Aquele que verdadeiramente ama Deus, ama também o próximo e quem se encontra distante e toda a criação”, observa o patriarca ecumênico de Constantinopla, acrescentando ainda que “fé e caridade constituem na Igreja uma experiência de vida única e inseparável”.
Perseverantes na oração
Dirigindo-se aos irmãos ortodoxos espalhados pelo mundo, o patriarca os exorta lembrando que o Espírito de Deus sopra continuamente sobre a Igreja, Deus está sempre “conosco” – junto a nós, ressalta, convidando-os durante os santos dias da Grande Quaresma a intensificar o combate ascético contra o pensamento sobre o eu e a serem “perseverantes na oração”, fazendo votos de “um bom percurso durante o período do jejum”, concedendo a todos a sua Bênção Patriarcal.
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