Bispos chilenos: crise política torna urgente compromisso dos cidadãos
Santiago do Chile
O Conselho Permanente da Conferência Episcopal do Chile apresentou em Santiago, nesta quarta-feira (1º/11), a carta pastoral intitulada “Chile, uma casa para todos”, num momento importante para a vida eclesial e social do país.
De fato, faltam poucos dias para as eleições presidenciais no Chile, no próximo dia 19, e três meses para a visita do Papa Francisco a esse país andino.
O documento aborda as emergências principais de caráter eclesial, social e político da nação, oferecendo as diretrizes pastorais para o futuro da Igreja chilena até 2020, conforme sublinhado pelo presidente da Conferência Episcopal Chilena, Dom Santiago Silva Retamales, na apresentação do texto.
Os critérios
“Três critérios animam tais orientações. Trata-se da centralidade de Jesus Cristo e da conversão como tarefa permanente que, partindo do âmbito pessoal, “transforma a Igreja e a sociedade”. O segundo critério é o da “dignidade e valor de cada pessoa humana, seja qual for a sua condição”. O terceiro e último critério é o chamado “a ser servidores do Reino de Deus através da escuta comunitária e corresponsável da Palavra, o serviço humilde à vida de cada pessoa humana e o anúncio alegre da fé a todos os irmãos e irmãs”.&Բ;
Aumento da desconfiança
A carta destaca que “diminuiu a confiança nas instituições em todos os contextos: a mentalidade liberal individualista cresceu, destruindo os vínculos e responsabilidades políticas”.&Բ;
“A crise política ameaça gravemente a democracia e a convivência civil”, afirmam os bispos chilenos. “Isso acontece por causa da desconfiança profunda devido ao conluio entre política e dinheiro, e pela sensação de que as promessas não são cumpridas. Todos os chilenos, sobretudo os jovens, são convidados a colocar o futuro do Chile à altura de seus sonhos, participando ativamente na política.”
Importância da família
A carta insiste na importância da família, ameaçada pelo atual sistema econômico e trabalhista. Os bispos chilenos dedicam espaço ao acolhimento das pessoas separadas, seguindo a Exortação Apostólica Amoris Laetitia, e dos homossexuais, especificando contrariedade às leis inspiradas na ideologia de gênero.
A Igreja chilena pede políticas públicas dotadas de recursos suficientes a serviço dos idosos, portadores de deficiência e demais pessoas em situação de fragilidade. Os migrantes “devem ser acolhidos, protegidos, integrados e promovidos num horizonte de fraternidade real e sincera, oferecendo-lhes condições dignas de vida e trabalho, evitando todo tipo de discriminação”. Foi feito também um apelo para melhorar a situação dos cárceres, locais em que muitas vezes são violados os direitos humanos fundamentais.
Os bispos olham com preocupação a situação da Araucanía, região que se tornou epicentro de confrontos e episódios de violência sobretudo por causa das reivindicações do povo mapuche.
Visita do Papa
O Papa visitará o Chile em janeiro de 2018 e os bispos desejam que as escolhas recentes, fruto também da comissão desejada pela Presidência da República, possam se traduzir em caminhos de paz e justiça para a região, confirmando “o desejo de fazer justiça em relação à dívida histórica do Estado chileno com o povo mapuche e outros povos indígenas”.&Բ;
Dentre as prioridades indicadas pela Conferência Episcopal estão também o respeito pelo ambiente e a atenção educacional, através da formação humana integral.
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