Bispos do Quénia - “Estes fundos serão devolvidos aos respetivos doadores”
Pope
No dia 14 de novembro, a Conferência dos Bispos Católicos do Quénia (KCCB) denunciou a situação política no país numa conferência de imprensa precedida duma declaração intitulada “Trazer a esperança de volta ao Quénia”. Os Bispos criticaram a “insensibilidade e a irresponsabilidade” do Governo queniano, face ao clima de violência política que tem afetado nos últimos meses. De facto, os Bispos declararam-se “horrorizados” com os casos recorrentes de “raptos, desaparecimentos, torturas e assassinatos de quenianos” e com o clima de corrupção que caracteriza o sistema político nacional.
Nos últimos dias, a Igreja no Quénia tem refletido sobre a triste situação política do país, onde “alguns dos parlamentares mais bem pagos do mundo” não fazem nada pelo povo, mas fazem doações à Igreja. De facto, o Presidente Ruto doou 600.000 xelins quenianos (4.384,85 euros) ao coro da paróquia católica de Soweto e prometeu mais 2 milhões de xelins (14.628,39 euros) para a construção de uma residência para os padres. O Presidente tinha prometido ainda mais 3 milhões de xelins (21 942,59 euros) para a compra de um autocarro para a paróquia, enquanto o Governador Sakaja ofereceu 200 000 xelins (1.459,76 euros).
Em consonância com a posição da KCCB expressa a 14 de novembro, contra as políticas do governo, o Bispo Anyolo decidiu ontem, 19/11/24, rejeitar estes donativos, afirmando que a Igreja Católica está vinculada aos princípios delineados na Lei 2024 relativa a Angariação de Fundos Públicos e que proíbe fazer contribuições que possam confundir política e religião.
Esta Lei, proíbe solicitar ou aceitar donativos de figuras políticas a fim de garantir que as Igrejas permaneçam livres de influência política.
“Estes fundos serão devolvidos aos respetivos doadores. Além disso, os prometidos 3 milhões de xelins adicionais para a construção da casa dos padres, bem como a doação de um autocarro paroquial pelo Presidente, são rejeitados por este meio”, disse o Bispo Anyolo.
A Igreja é chamada a manter a integridade, recusando contribuições que possam inadvertidamente comprometer a sua independência ou facilitar o enriquecimento injusto”, acrescentou, concluindo que ‘a Igreja deve permanecer uma entidade neutra para poder servir o seu verdadeiro objetivo na sociedade’.
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