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Padre Rui Santiago - Mission¨¢rio Redentorista fala da sua experi¨ºncia na Guin¨¦-Bissau Padre Rui Santiago - Mission¨¢rio Redentorista fala da sua experi¨ºncia na Guin¨¦-Bissau 

Guin¨¦-Bissau: uma cultura que p?e a palavra no centro

Humildade, privil¨¦gio, acolhimento e hospitalidade s?o algumas das express?es que o padre Rui Santiago refere para caracterizar o in¨ªcio da sua experi¨ºncia de miss?o na Guin¨¦-Bissau, onde encontrou uma cultura que coloca a palavra no centro da exist¨ºncia.

Rui Saraiva ¨C Portugal

O padre Rui Santiago é Missionário Redentorista. Entre 2011 e 2017 esteve em missão na Guiné-Bissau e partilha connosco a sua experiência. Desde logo, salientando que é preciso ¡°resistir à tentação de chegar e começar a fazer coisas¡±. ¡°O primeiro grande desafio é chegar, ouvir, acolher, sentar-se na casa das pessoas a comer, andar nas ruas. Perceber que há um lugar de humildade necessário¡±, salienta o missionário.

Chegar, ouvir, acolher em humildade

¡°Resistir à tentação de chegar e começar a fazer coisas. Porque é muito fácil chegar e começar a fazer coisas, porque o acolhimento é normalmente muito bonito, muito vivaz, colorido. A liturgia consegue ser muito entusiasmante. A fome de uma palavra diferente, a sede de uma experiência que vem de um missionário, normalmente, é muito sedutora para quem vai como missionário e então é preciso alguma inteligência pastoral para não chegar e começar a fazer coisas. Porque vamos imediatamente, querendo ou não, começar num registo que não é o dali. O primeiro grande desafio é chegar, ouvir, acolher, sentar-se na casa das pessoas a comer, andar nas ruas. Perceber que há um lugar de humildade necessário para iniciar essa experiência missionária¡±, afirma o padre Rui Santiago.

Um acolhimento que não merecemos

Desenvolveu experiências de missão também em Angola e no Quénia, mas foi na Guiné-Bissau aquela de maior intensidade, onde viveu uma experiência ¡°muito encarnada¡±. ¡°Uma grande experiência de privilégio e de acolhimento que não merecemos¡±, declara o padre Rui Santiago.

¡°O primeiro momento é a humildade de: eu vou aprender, vou ouvir, vou ler, vou deixar-me contagiar, tocar. E esse, sem dúvida, é o primeiro grande desafio, que vem misturado com o primeiro grande privilégio. As minhas experiências por África têm que ver com a Guiné-Bissau de maneira muito encarnada, mas também noutras com menor intensidade em Angola e Quénia. Mas há essa experiência de que a humildade vem junto com uma grande experiência de privilégio e de um acolhimento que não merecemos¡±, salienta.

Uma cultura ávida da palavra

O sacerdote português destaca da sua experiência de acolhimento na Guiné-Bissau o ¡°ter encontrado uma cultura ávida da palavra e que coloca a palavra no centro da existência¡±.

¡°A primeira grande experiência que eu fiz de acolhimento, para além da hospitalidade, porque na Guiné-Bissau qualquer etnia é de uma hospitalidade soberba, foi a experiência do acolhimento da palavra. Não tanto o acolhimento da minha pessoa, mas ter encontrado uma cultura ávida da palavra e que coloca a palavra no centro da existência¡±, afirma.

A plasticidade das linguagens ¡°tal como a Bíblia¡±

Para o padre Rui Santiago nas linguagens africanas há uma imagética e uma plasticidade ¡°tal como a Bíblia¡±. A palavra é ¡°física¡±, ¡°uma coisa muito real que conta de verdade¡±.

¡°A palavra é muito física, é uma coisa muito real que conta de verdade. E isso a mim fascina-me. E depois sobretudo as linguagens tradicionais, as línguas das etnias, mas também o crioulo, são linguagens com uma imagética e uma plasticidade! Linguagens que trabalham mais imagens, movimentos e relações do que conceitos ou ideias, tal como a Bíblia¡±.

O padre Rui Santiago é Provincial da Congregação dos Santíssimo Redentor em Portugal e vai voltar à antena da Rádio Vaticano e ao portal Pope, nas próximas semanas, com mais histórias e reflexões sobre a sua experiência de missão na Guiné-Bissau.

Oiça

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05 janeiro 2024, 16:21