SÃnodo: em 2024 dar espaço ao encontro e diálogo
Rui Saraiva – Portugal
Nestes últimos dias para o final do ano, recordo o grande acontecimento de 2023 que juntou em Portugal cerca de 1 milhão e meio de peregrinos da paz e da fraternidade.
Os participantes na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023 chegaram à capital portuguesa pela sua fé em Jesus Cristo e convocados pelo Papa Francisco. Rumaram a Portugal vindos de mais de 180 países. Das suas bandeiras fizeram convites à relação.
Os jovens espalharam a alegria comunicando as suas sensibilidades e tradições nacionais. Com as suas canções, danças, orações, jogos, sorrisos, lágrimas e abraços, semearam a beleza da diferença. Apresentaram-se sedentos de encontro, abertos ao diálogo, disponíveis para partilhar a vida na simplicidade. Nos momentos de oração e celebração revelaram-se capazes de fazer silêncio. Todos pecadores e, por isso mesmo, sementes de esperança.
É este o “santo povo fiel de Deus que caminha na alegria do Evangelho†afirmou o Papa Francisco na Missa de domingo 6 de agosto na JMJ de Lisboa.
Um povo que caminha na alegria do Evangelho
A JMJ viu uma multidão que caminhava de mãos dadas, sem preocupações com hierarquias e lugares. Uma imagem verdadeiramente sinodal.
Precisamente, neste mês de dezembro, a Secretaria Geral do Sínodo publicou indicações sobre os passos a dar pelas várias Conferências Episcopais nos próximos meses até à segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos bispos, que decorrerá em Roma no mês de outubro de 2024. Com uma pergunta orientadora: como ser Igreja sinodal em missão?
O caminho sinodal inaugurado pelo Papa Francisco em 2021 colocou em movimento a Igreja para um profundo processo de discernimento coletivo, promovendo a participação, o encontro, a escuta e o diálogo.
Um processo inédito de escuta das bases chamando todos à participação numa profunda avaliação da presença da Igreja no mundo. Neste ano de 2024 há uma síntese sinodal produzida na primeira sessão de 2023 e que deverá guiar o caminho até outubro.
O Sínodo tem como tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão†e lança questões que revelam as prioridades a discernir: Como podemos ser mais plenamente sinal e instrumento da união com Deus e da unidade do género humano? Como partilhar dons e tarefas ao serviço do Evangelho? Que processos, estruturas e instituições numa Igreja sinodal missionária?
Recordemos que as sínteses nacionais revelaram que na Igreja ainda permanecem obstáculos, em especial estruturas hierárquicas que tendem a favorecer uma cultura clerical.
Não esqueçamos que o Santo Padre, em fevereiro deste ano de 2023, citando o cardeal Henri de Lubac (1896-1991) no seu livro “Meditação sobre a Igrejaâ€, referiu que este autor “dá a entender†que “o clericalismo é a pior coisa que pode acontecer à Igrejaâ€. “Um padre ou um bispo que caia nesta atitude causa um grande dano à Igrejaâ€, afirmou Francisco na ocasião.
Sem medo, abrir espaço à respiração sinodal
O processo sinodal em curso, iniciado pelo Papa Francisco, é uma grande oportunidade pastoral que permite aplicar o Concílio Vaticano II. Partindo sempre da oração e da escuta da Palavra de Deus, o método sinodal coloca-nos em caminho. Um caminho conjunto em abertura pastoral aos irmãos e ao mundo.
Não tenham medo repetiu o Papa Francisco várias vezes na JMJ. Não temos medo. Aqui estamos para refletir sobre o que vimos e sentimos. E a lançar o olhar para o futuro da Igreja que em 2024 aprofundará com mais intensidade as dimensões da comunhão, da participação e da missão. Em diálogo com o mundo.
Na procura de uma respiração sinodal são necessários espaços e momentos para participar, orar, refletir, partilhar e dialogar. Na pluralidade e diversidade é possível abrir espaços de encontro e diálogo em caminho sinodal.
Laudetur Iesus Christus
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