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Nascido em 1936, Dom Paride Taban foi ordenado sacerdote em 1964, por altura da expulsão dos missionários do Sudão. Em janeiro de 1980 foi nomeado, por João Paulo II, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Juba, tendo sido sagrado bispo em maio desse mesmo ano pelo próprio Papa João Paulo II. Em julho de 1983 foi nomeado primeiro bispo de Torit. As provações da guerra levaram-no a ter de se exilar sucessivamente no Uganda, Quénia e República Centro-Africana no ano de 1984.

“Fiquei feliz por ter sido bispo em tempos de guerra porque estava lá para consolar e encorajar as pessoas e para partilhar o seu sofrimento”, disse o falecido bispo numa entrevista concedida em julho de 2022 à Rádio Tamazuj, uma estação de rádio do Sudão do Sul. Foi por ocasião do 11º aniversário da independência do país que se tornou independente em 2011 após décadas de guerra civil contra o Sudão do norte.

Preso duas vezes

Dom Taban recordou também que foi preso, pela primeira vez, em 1965 pelo governo de Cartum e em 1989 pelo SPLA (Exército Popular de Libertação do Sudão), movimento que lutou pela independência do Sudão do Sul. “Fui preso pelo meu próprio povo, pelo SPLA”, recordou com um sorriso. “Os rebeldes prenderam-me porque quando tomaram Torit, eu permaneci lá com a população e pensaram que eu era um agente do governo. Mas só fiquei para estar perto das pessoas."

Dom Paride Taban com diplomatas da Noroega no Sudão do Sul

Fundador e Presidente da NSCC 

Para encorajar o diálogo entre as realidades sudanesas, em 1990, Dom Taban foi um dos fundadores e o primeiro presidente do Conselho de Igrejas do Novo Sudão (NSCC), que inclui a Igreja Católica, a Igreja Episcopal do Sudão, a Igreja Presbiteriana do Sudão, a Igreja do Interior Africano, Igreja Pentecostal do Sudão e Igreja do Interior do Sudão.

Sob a sua liderança, o NSCC atuou como mediador nas negociações de paz durante a Segunda Guerra Civil Sudanesa e como defensor dos direitos humanos. Na sua constante busca pela paz, Dom Paride Taban, em nome da AMECEA (Conferência dos Bispos da África Oriental), foi ao Ruanda em 1994, ano do genocídio contra a população tutsi.

Aldeia Kuron 

Dom Taban resignou da governação da Diocese de Torit em 2004 e, em 2005 fundou a Kuron, Aldeia de Paz Santíssima Trindade, no Sudão do Sul, uma comunidade que acolhe pessoas de diversas origens, vítimas de conflitos. Essa aldeia tornou-se num símbolo de esperança e cura das feridas interiores - informa a Agência FIDES.