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Cidade do Vaticano

“Como comunidades católicas em África, pedimos aos líderes presentes na 28ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP 28), que reconheçam o seu dever moral e se comprometam a tomar urgentemente medidas ambiciosas para proteger a nossa casa comum e os mais vulneráveis”, disse o SECAM numa declaração proferida na quinta-feira, 12 de outubro, durante a conferência (webinar) sobre Fé e o Futuro: Capacitando a Gestão Ambiental através do Tratado de Não-Proliferação de Combustíveis Fósseis (FFNPT), organizada pelo Movimento Laudato Si juntamente com a Iniciativa Fé pela Terra.

Citando a Declaração de Nairobi dos Líderes Africanos sobre as Mudanças Climáticas e o Apelo à Acção, o SECAM disse que África possui o potencial e a ambição para ser uma componente vital da solução global para as mudanças climáticas.

“É a casa da força de trabalho mais jovem e em crescimento mais rápido do mundo, juntamente com um enorme potencial inexplorado de energia renovável, recursos naturais abundantes e espírito empreendedor, o nosso continente tem os fundamentos para ser pioneiro num caminho positivo para o clima como um centro industrial próspero e competitivo em termos de custos, com a capacidade de ajudar outras regiões na consecução das suas ambições de impacto zero”, disse o SECAM.

“Neste contexto, a África está sofrendo alterações climáticas exacerbadas e impactos na biodiversidade, com a saúde e a segurança já em risco devido a condições meteorológicas extremas, à subida do nível do mar e a outros desafios induzidos pelas mudanças climáticas”, observou a declaração do SECAM.

Aquele órgão continental que reúne todos os Bispos católicos de África e Madagáscar disse que acolhe com satisfação a exortação apostólica do Papa Francisco, Laudate Deum, uma continuação da encíclica Laudato Si, uma vez que ela “ilustra as questões sociais globais das alterações climáticas e ecoa a natureza óbvia dos impactos das mudanças climáticas.”

Apelando a uma resposta urgente para enfrentar a crise climática, tal como destacado na Laudate Deum (LD, n.º 56), o SECAM acrescentou dizendo que “devemos ir além da mentalidade de parecer que estamos preocupados, mas sem termos a coragem necessária para produzir mudanças substanciais”.

“Sabemos que a este ritmo em poucos anos ultrapassaremos o limite máximo recomendado de 1,5° C e logo depois chegaremos até a 3° C, com alto risco de chegarmos a um ponto crítico. Mesmo que não cheguemos a este ponto sem retorno, é certo que as consequências seriam desastrosas e teriam de ser tomadas medidas precipitadas, com custos enormes e com graves e intoleráveis ??efeitos económicos e sociais. Embora as medidas que podemos tomar agora sejam dispendiosas, o custo será tanto mais pesado quanto mais esperarmos” (LD, No.56).

SECAM afirma ainda que no dia 3 de dezembro, em linha com o tema do dia da COP28 'Saúde/Alívio, Recuperação e Paz', eles apelam aos “líderes para assegurar que vão escutar o grito da terra e dos mais vulneráveis, procurando eliminar por fases os combustíveis fósseis, endossando e adoptando o Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis.”

“Apelamos a que enfrentem tanto as mudanças climáticas como a perda da biodiversidade, uma vez que estão inextricavelmente ligadas. A biodiversidade está em colapso diante dos nossos próprios olhos, com consequências desastrosas para todos nós e para as gerações futuras. Precisamos de proteger a África e os direitos dos povos indígenas, em particular, devem ser salvaguardados, pois eles são os melhores guardiões da nossa casa comum”, disse o SECAM acrescentando que “as políticas económicas devem dar prioridade aos esforços para acelerar as reduções de emissões através de processos de transição justos e operacionalizar o fundo de perdas e danos, assegurando que estejam em linha com o objectivo ousado de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C”.

A nova Exortação Apostólica do Papa Francisco, Laudate Deum, dirigida a todas as pessoas de boa vontade sobre a crise climática, publicada a 4 de outubro de 2023, é um documento que pretende dar seguimento à encíclica do Papa de 2015, Laudato Si, sobre o Cuidado da Nossa Casa Comum.

A COP28 será realizada na Expo City, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos (EAU), de 30 de novembro a 12 de dezembro de 2023 – com a agência CISA.