Guiné-Bissau celebra 50 anos de independência sem grandes motivos para o povo sorrir
Casimiro Jorge Cajucam – RSM, Guiné-Bissau
João Bernardo Vieira, antigo Presidente da República que viria a ser morto em sua residência, foi quem leu o texto da proclamação da independência, depois de 11 anos de luta armada.
Naquele dia, 24 de setembro de 1973, foi igualmente criada a primeira Assembleia Nacional Popular, e também foi aprovada a primeira Constituição da República da Guiné-Bissau.
Passadas 5 décadas livres do colonialismo, os guineenses continuam com o sentimento de tristeza e do retrocesso democrático.
Ouvidos pela nossa reportagem, os entrevistados foram unânimes em afirmar que o País não conseguiu cumprir com o propósito da independência por faltar ainda quase tudo por fazer.
”Sentimos os 50 anos da independência com o sentimento de tristeza no coração pois, vivemos um momento de incerteza”. Sinais positivos da independência foram sentidos apenas num curto período onde se via a política de construção do Estado, e foi entre 1974 e 1984, a partir daí o País mergulhou-se em miséria inimaginável”.
As comemorações oficiais da independência nacional foram mais uma vez proteladas para 12 de novembro, dia das Forças Armadas. Entretanto, o Parlamento realizou uma sessão especial para a celebração do 50º aniversário da independência e que serviu igualmente para assinalar a primeira Assembleia constituinte da ANP, que se realizou a 23 de setembro de 1973, culminando com a proclamação unilateral da independência da Guiné-Bissau a 24 de setembro de 1973.
A sessão especial realizada na aldeia histórica de Lucadjol, em Boé, contou com a presença de representantes do Corpo Diplomático acreditado no País e representantes das organizações internacionais,
No entanto, na sua mensagem à nação, o Presidente da República disse que é chegado o momento de as pessoas pensarem sobre o futuro do desenvolvimento do País.
“Façamos uma reflexão sobre o percurso da Guiné-Bissau, sobretudo “o que já fizemos, o futuro que queremos construir e o legado que queremos deixar às gerações vindouras”.
Uma gratidão que ainda não se viu. Triste com a situação em que o País se encontra depois de 50 anos de independência está o Conselho Nacional dos Filhos dos Combatentes da Liberdade da Pátria que não esconde a sua tristeza pela forma como foram em vão os esforços dos seus pais que lutaram por 11 anos.
“Estamos muito tristes. Tristes porque a Guiné-Bissau completou 50 anos sem ter boa saúde, boa educação e boas infraestruturas. Não era isso o objetivo dos combatentes da liberdade da pátria”, explicou.
Ouvimos Domingos Tamba, Presidente do Conselho Nacional dos Filhos dos Combatentes da Liberdade da Pátria.
Também, o investigador e politólogo Rui Jorge Semedo diz que os 50 anos da independência do País tiveram um sabor amargo…
“Os 50 anos da independência tiveram sabor amargo. Não é nada satisfatório, contudo há ainda uma enorme esperança entre os guineenses”, finalizou.
Por sua vez, o jurista e presidente em exercício da LGDH, Bubacar Turé, considera negativo o balanço dos 50 anos de independência do País.
“Na nossa perspetiva é um balanço negativo, porque a independência significa criar condições para resolver o bem-estar social da população, ou seja, que a população guineense tivesse acesso à água potável, à energia elétrica, a educação, e que haja o sistema de saúde em condições e que o estado de direito democrático seja respeitado”, rematou.
A Guiné Bissau foi a primeira colónia a ver a sua independência reconhecida por Portugal, em setembro de 1974. A revolução da Guiné-Bissau abriu portas para vários países colonizados por Portugal.
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