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5ª edição do Festival de Literatura-Mundo do Sal 5ª edição do Festival de Literatura-Mundo do Sal  

Festival Literatura-Mundo do Sal concluiu-se com “Luz e Graça"

A expressão é de Filinto Elísio, cofundador da Editora, Rosa de Porcelana, organizadora do Festival. Homenageados a linguista cabo-verdiana, Dulce A. Duarte, e o escritor italiano, A. Tabucchi. Anunciada também a vencedora do Prémio Lhana: Samira Lelis. Sobre esta edição do Festival, cujo tema foi "Língua e identidade", detetamos os pareceres de três participantes: Karim Duarte, filho de Dulce Almada; José Luís Mendonça, escritor angolano; e Luca Fazzini, Docente na Universidade de Lisboa.

Dulce Araújo - Vaticannews

Caído o pano sobre a quinta edição do Festival de Literatura-Mundo do Sal, os organizadores, a curadora científica (Professora Inocência Mata) e alguns oradores como o Professor italiano, Roberto Francavilla, ou ainda a linguista, Adelaide Monteiro, deslocaram-se à ilha de Santiago, onde se juntaram a outros escritores e investigadores cabo-verdianos para dois dias de conferências (13 e 14 de Junho) sobre "Memórias e Identidade". Foi em jeito de extensão do Festival, algo que faz sempre parte da sua pauta. 

Com efeito, já no Sal ficou a promessa de extensões a diversos países como Angola, Brasil, França, Itália, Portugal,  para levar a vários cantos do mundo as homenagens à linguista caboverdiana,  Dulce Almada Duarte e ao escritor italiano, António Tabucchi, duas figuras que o Festival quis pôr em diálogo e que em comum têm - disse Luca Fazzini, no programa "África em Clave Cultural: Personagens e eventos" - o lidar com línguas e o empenho cívico, cada um à sua maneira e intensidade. 

Karim Duarte que sente ter a responsabilidade de manter viva a memória dos pais, sem esconder a sua emoção e satisfação, agradece aos organizadores do Festival por lhe terem proporcionado uma ótima ocasião para pôr em ato esse dever e dar visibilidade ao nome e ao empenho da mãe na defesa da língua cabo-verdiana como elemento fulcral do desenvolvimento de Cabo Verde. E está confiante de que as autoridades governamentais do país saberão acatar o apelo lançado a dar os passos necessários para a oficialização dessa língua. 

Quanto ao poeta, escritor, docente e jornalista angolano, José Luís Mendonça, ficou surpreendido em descobrir que Cabo Verde fala de língua (sempre ouviu falar de “crioulo”) e está orientado para a sua oficialização. Em Angola, ele tem vindo a procurar lançar a ideia da co-oficialização de uma ou duas das principais línguas nacionais, mas a politização generalizada dificulta qualquer diálogo sobre isso - refere, deixando entender que em Cabo Verde, as coisas se passam de forma diferente doutros países do Continente africano. Há afeto entre políticos e cidadãos, tanto é que havia políticos no encontro e tudo se passava de forma normal. E este foi outro aspeto que o tocou muito.

Quanto a uma possível extensão do Festival de Literatura-Mundo do Sal a Angola, José Luís Mendonça considera que seria muito positivo, até porque, se por um lado, no Festival ficou patente que as literaturas de países periféricos são, assim como as línguas nacionais,  parte da Literatura Mundo, embora estejam ainda bastante isoladas desse mundo, por outro, há que fazer circular mais as obras literárias dos países de língua portuguesa entre si, e o Festival, para além de eventuais plataformas on line, ajudaria muito.

O Festival de Literatura-Mundo do Sal tem também a preocupação de envolver as novas gerações. Isto foi feito mediante visitas dos hóspedes a escolas básicas da ilha e da ida de alunos às sessões plenárias, em que leram poesias da sua autoria e excertos de prosa sobre o sal, de autores salenses. Além disso, há um projeto associativo de levar leituras a áreas rurais das ilhas, o que, na visão de Luca Fazzini, é muito positivo.

E salense é a vencedora da primeira edição do Prémio (bianual) de prosa literária cabo-verdiana literatura lançada pelo Festival. Trata-se da jovem Samira Lelis, economista de profissão e escritora por hobby. A obra é “No Encanto da Ilha” ainda inédita, como tantas que ela tem na gaveta.

Caído o pano, não só ficaram promessas de extensões, mas também a revelação do tema da próxima edição do Festival - 2024. Será especial e terá um homenageado único, Amílcar Cabral, líder da luta de libertação de Cabo Verde e Guiné-Bissau, mas também poeta, ensaísta, pensador. Um tributo, no centenário do seu nascimento. Os dias do Festival serão precedidos de um Colóquio Internacional sobre Amílcar Cabral - anunciam os organizadores.

Confira tudo na emissão que aqui fica... 

Oiça

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17 junho 2023, 11:54