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Dulce Araújo - Pope

Estávamos na antevigília do décimo aniversário da assinatura da Concordata entre a Santa Sé e o Estado de Cabo Verde (10 de junho de 2013) quando Jairzinho Lopes Pereira que se encontrava em Roma para investigações, passou pela Rádio Vaticano e nos concedeu uma ampla entrevista sobre os estudos que está a fazer e que já neste mês de julho ou agosto de 2023 deverá trazer à luz um volume de cerca de 750 páginas sobre o episcopado de dois bispos (1835-1859) em Cabo Verde: D. João Henriques Moniz e D. Patrício Xavier da Moura.  

Este volume será o primeiro de tantos outros centrados no inventário, transcrição, tradução, enquadramento e publicação de documentos inéditos que este investigador está a procurar em diversos arquivos europeus, incluindo os do Vaticano. Um trabalho imenso que, no que toca especificamente a Cabo Verde, permitirá retornar às fontes para fazer uma leitura crítica e objectivante da história da Igreja no arquipélago. 

A disponibilização desses documentos quer ser um contributo de Jairzinho enquanto Teólogo e Historiador ao louvável esforço que, a seu ver, a Igreja em Cabo Verde está a levar a cabo no campo da formação do clero e de leigos no país. Quer ser também um contributo a fazer - como desejam os bispos - do Decénio Jubilar dos 500 anos da Diocese de Santiago, um período de redescoberta e conhecimento do percurso histórico da Igreja que se entrelaça com o da Nação caboverdiana. E é com sentido patriótico que Jairzinho declara aderir a este apelo dos bispos do país.

No que toca à Concordata, para além de explicar as origens históricas desta forma de acordo jurídico entre Igreja e Estado e de sublinhar os pontos que a Concordata entre a Santa Sé e o Estado cabo-verdiano contempla (preservação do património da Igreja, ensino da religião-moral nas escolas, etc.), Jairzinho faz questão de salientar que não se trata de um acordo que privilegia a Igreja católica, mas que esta tem, todavia, um peso histórico no país, onde está presente desde os primórdios do povoamento.

Em relação ao Decénio Jubilar que arrancou este ano e que terá o seu ponto alto em 2033, ano que marca os 500 anos da criação da Diocese de Santiago, Jairzinho Lopes Pereira mostra-se otimista, pois vê sinais positivos e considera que se chegará a essa data com uma Igreja mais consciente e mais esclarecida, com cristãos mais firmes na sua fé e capazes de uma abordagem crítica, baseada em estudos e reflexões. Isto pressupõe o empenho de todos - afirma, acrescentando, em sintonia com a os prelados, que se trata de uma comemoração não só da Igreja, como de toda a sociedade cabo-verdiana.

Aqui fica a entrevista integral realizada a 8 de junho de 2023 e em que começa por se apresentar: