Angola. Antigo presidente José Eduardo dos Santos regressa ao País para sepultura
Anastácio Sasembele – Luanda, Angola
José Eduardo dos Santos morreu aos 79 anos, no passado dia 8 de julho, num hospital de Barcelona, onde estava internado desde 23 de junho, após uma paragem cardíaca.
Apesar de ainda não haver certezas sobre a data do funeral de Estado de José Eduardo dos Santos, que a Comissão criada pelo Presidente da República João Lourenço logo após a morte do seu antecessor tem vindo a preparar, independentemente da contenda entre os filhos mais velhos do ex-Presidente e o Governo angolano, aventa-se a possibilidade de ele se realizar no dia 28 de agosto, data em que José Eduardo dos Santos completaria 80 anos, se fosse vivo.
O Ministro angolano da Administração do Território, Marcy Lopes, informou que, com a chegada dos restos mortais do antigo Presidente José Eduardo dos Santos, os próximos dias estarão reservados ao tratamento de questões administrativas e protocolares.
A propósito da data das exéquias, Marcy Lopes, porta-voz da Comissão para a organização da cerimónia fúnebre, disse que o processo carece de um tratamento com cuidado e atenção e explicou que a data para a realização do funeral será comunicada nos próximos dias.
Na última terça-feira (16/08), o Tribunal da Catalunha (Espanha) decidiu a entrega do corpo do ex-Presidente da República José Eduardo dos Santos à esposa, Ana Paula dos Santos, para o seu sepultamento. A decisão foi tomada após o juiz ter recebido os relatórios do Instituto Médico Legal e do Laboratório de Toxicologia.
O documento adianta que, na resolução, o juiz reconhece Ana Paula dos Santos como viúva do antigo Chefe de Estado angolano.
Ana Paula dos Santos foi a interlocutora do Governo angolano quando o marido se encontrava internado na clínica de Barcelona, onde acabou por falecer. Durante o processo, a ex-primeira-dama da República teve apoio do Governo angolano.
A disputa judicial pela tutela do corpo envolvia a viúva e os oito filhos do antigo Presidente da República, principalmente os três mais velhos que se opunham à entrega e transladação do corpo do ex-Chefe de Estado.
O Pe Celestino Epalanga, Secretário Executivo da Comissão de Justiça e Paz da CEAST, apela à reconciliação das famílias.
A empresária Isabel dos Santos, filha mais velha de José Eduardo dos Santos, ao reagir nas redes sócias à entrega do corpo do pai à sua viúva, escreveu que "o ódio dos homens falou mais forte, hoje".
Os filhos mais velhos recusaram, desde o início, que o corpo do pai fosse entregue à viúva e ao Governo de João Lourenço, entretanto o jornalista Machado Irmão pede que os filhos venham se despedir do pai, apesar das desavenças com a actual liderança do País.
O Filósofo Albino Pakisi destaca o legado de José Eduardo dos Santos que chegou ao cargo de Presidente da República em setembro de 1979, na sequência da morte de António Agostinho Neto, primeiro presidente de Angola, e esteve em funções durante 38 anos, até ser sucedido por João Lourenço.
Os restos mortais de José Eduardo dos Santos chegam numa altura em que o País se prepara para realizar as eleições gerais que acontecem a 24 de agosto, e o jurista Bartolomeu Milton é de opinião de que o País, não obstante estas situações, prossiga o seu ritmo normal.
Acompanharam a transladação dos restos mortais de Barcelona para a capital angolana a viúva do antigo Estadista, Ana Paula dos Santos, os filhos, familiares e algumas entidades ligadas ao Governo angolano.
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