Comunicadores se comprometem a usar os media para uma cultura de paz em África
P. Bernardo Suate – Cidade do Vaticano
O tema do Congresso – lê-se no documento final, assinado pelo presidente da Associação, o Padre Walter Ihejirika – inspira-se no processo sinodal em curso na Igreja universal, e enraizado no caminho da comunhão, da participação activa e da colaboração de todos os fiéis na missão evangelizadora da Igreja. Durante os trabalhos, os participantes provenientes de todo o Continente, foram encorajados a encontrar nos diferentes meios de comunicação formas viáveis de caminhar juntos no processo sinodal.
Os trabalhos contaram com a presença do Arcebispo de Kigali, o Cardeal Antoine Kambanda; de Dom Filippe Rukamba, Bispo da Diocese de Butare e Presidente da Conferência Episcopal de Ruanda; de Dom Edouard Sinayobye, Bispo da Diocese de Cyangugu e Presidente da Comissão Episcopal para a Comunicação de Ruanda; de Dom Emmanuel Badejo, Bispo da Diocese de Oyo, na Nigéria, e Presidente do Comité Episcopal Pan-Africano para as Comunicações Sociais (CEPACS), e do senhor Jean-Marie Vianney Gatabazi, Ministro da Administração Local, de Ruanda.
Estiveram também presentes no encontro o Mons. Janvier Yameogo, do Dicastério para a Comunicação; o P. Dr. Paul Samasumo, Vice-Presidente de SIGNIS Mundial e funcionário do Dicastério para a Comunicação; a Rev. Ir. Prof. Dominic Dipio, da Universidade Makerere, no Uganda; e o Rev. P. Bernardo Suate, do Dicastério para a Comunicação e ex-Director dos Serviços SIGNIS em Roma (SSR).
Uma nova África, e melhor, é possível
Movidos pelos testemunhos partilhados e pela visita ao Centro Memorial do Genocídio de Kigali, os Comunicadores católicos em África comprometeram-se a sempre usar os media para promover uma cultura de paz. O rápido desenvolvimento tecnológico, social e de infraestruturas que se vê em Ruanda, a poucos anos do genocídio, é também sinal de que uma nova África, e melhor, é possível, dizem os Delegados de SIGNIS África.
O Congresso e a Assembleia dos Delegados de SIGNIS África foi também ocasião para ratificar e adoptar a Constituição de SIGNIS-África, até agora provisória, e que doravante constitui o documento jurídico fundamental para orientar e regular as operações da associação. E sob os auspícios deste instrumento jurídico foram realizadas as eleições, baseadas na nova Constituição, para o novo Conselho de Administração de SIGNIS África.
Dar voz aos marginalizados na Igreja e na sociedade
De notar que, no seu discurso, o Bispo Badejo reafirmou que o Sínodo é um projecto de comunicação que desafia os profissionais dos media em África a criar maneiras práticas de dar voz aos marginalizados por algumas das nossas estruturas eclesiásticas e na sociedade em geral, e isto nos chama a um novo modo de sermos Igreja. O prelado falou também da necessidade de os delegados verem os media como um verdadeiro e viável instrumento de evangelização, cujo uso eficaz ajudará a Igreja a cumprir o seu mandato missionário (Mt. 28, 18-20; Act. 1,8).
Dar prioridade a uma Igreja mais inclusiva e participativa
Dentre as recomendações, os Comunicadores Católicos Africanos propõem que se dê prioridade a uma Igreja mais inclusiva e participativa, o que inclui trazer mais mulheres e jovens para as estruturas de governo; e que os Comunicadores Católicos africanos estejam conscientes de que caminhar juntos em sinodalidade implica escutar a um nível mais profundo, a todas as pessoas e sem preconceitos.
Uma semana de celebração do Dia Mundial da Comunicação
O Comunicado final também recomenda que todas as Conferências Episcopais nacionais, em África, adoptem o modelo da Nigéria e do Burkina Faso de comemorar o Dia Mundial da Comunicação durante uma semana, em vez de celebrá-lo durante apenas um dia.
A comunicação social é serva da missão evangelizadora da Igreja, enfatizam os Delegados ao Congresso que, por sua vez, reiteram que, como Comunicadores católicos em África, querem renovar a sua disponibilidade a nível paroquial, diocesano, nacional, regional e continental, para promover cada vez mais a missão da Igreja. E fazem um apelo forte para que a Igreja abrace e incorpore as comunicações sociais em todas as atividades pastorais.
Formar redes e partilhar projectos na área dos media
Aos Comunicadores católicos em África se recomenda para que aprendam mais de uma língua internacional e cultivem o espírito de formar redes, de modo a construir pontes e encorajar a partilha de projectos na área dos media, para garantir um empenho eficiente no serviço à Igreja e à humanidade.
Angústia e desaprovação dos sequestros e assassinatos contra cidadãos indefesos
Os Comunicadores Católicos africanos também dizem que continuam a observar com angústia e total desaprovação os ataques, sequestros e assassinatos incessantes e irracionais contra cidadãos indefesos e, em particular, cristãos, em muitos Países africanos como a Nigéria e o Burkina Faso, e praticamente em toda a região do Sahel, e não só, e exortam os Governos africanos a fazer muito mais pela saúde e segurança dos seus Países. “Enquanto construímos a nova África que queremos, os Governos, grupos e indivíduos africanos deveriam esforçar-se para ultrapassar as artificiais fronteiras territoriais a que os legados do colonialismo submeteram o Continente; é chegado o momento de perseguir todos os elevados ideais de conectividade de que a União Africana tem falado muitas vezes, mas raramente implementado” – lê-se no Comunicado.
Agradecimentos pelo sucesso do Congresso
E finalmente, os membros de SIGNIS África agradecem a Deus pelo sucesso do Congresso, aos Comunicadores que fizeram sacrifícios para participar neste importante encontro, e sobretudo aos anfitriões e aos Bispos da Conferência Episcopal de Ruanda pelo apoio e encorajamento. E sem esquecer a Pontifícia Obra para a Propagação da Fé, de quem SIGNIS África se sente em dívida pelos longos anos em que se tem feito parceira acompanhando os projectos de comunicação, através dos financiamentos.
A terminar, os Comunicadores Católicos africanos desejam sucesso ao Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagáscar (SCEAM/SECAM), na sua próxima Assembleia, em Acra, Gana, e rezam para que Deus, no seu amor paterno e sob a intercessão da Virgem de Kibeho, derrame abundantes bênçãos e ilumine a todo o seu povo, em África e no mundo.
Texto integral do Comunicado final:
Comunicação, Sinodalidade e a Igreja em África.
“Eis que faço novas todas as coisas.” (Apoc. 21,5)
Preâmbulo
Nós, os membros de SIGNIS África, reunidos como profissionais da comunicação Católica em África, com sentimentos de gratidão a Deus, deliberámos sobre o tema: "Comunicação, sinodalidade e a Igreja em África". Este tema inspirou-se no caminho sinodal em curso da Igreja universal anunciado pelo Santo Padre, o Papa Francisco. O processo está enraizado no caminho da comunhão, da participação activa e da colaboração de todos os fiéis de Cristo na missão de salvar almas e alcançar a salvação eterna. Objectivo principal da Assembleia era delinear formas viáveis de encorajar a unidade no caminho da fé, no continente africano, através dos vários meios de comunicação. O evento contou com a presença de participantes, vindos dos nossos diferentes Países africanos.
Reconhecendo com gratidão a presença de Sua Eminência Antoine Cardeal Kambanda, Arcebispo de Kigali; Dom Filippe Rukamba, Bispo da Diocese de Butare, e Presidente da Conferência Episcopal de Ruanda; Dom Edouard Sinayobye, Bispo da Diocese de Cyangugu, e Presidente da Comissão Episcopal para a Comunicação de Ruanda; Dom Emmanuel Badejo, Bispo da Diocese de Oyo, na Nigéria, e Presidente do Comité Episcopal Pan-Africano para as Comunicações Sociais (CEPACS), e Sua Ex.cia o Senhor Jean Marie Vianney Gatabazi, Ministro da Administração Local, de Ruanda.
Agradecendo a presença de Mons. Janvier Yameogo, do Dicastério para a Comunicação, na Cidade do Vaticano; do P. Dr. Paul Samasumo, Vice-Presidente de SIGNIS Mundial e funcionário do Dicastério para a Comunicação, na Cidade do Vaticano; da Rev. Ir. Prof. Dominic Dipio, da Universidade Makerere, no Uganda; e do Rev. P. Bernardo Suate, funcionário do Dicastério para a Comunicação, na Cidade do Vaticano e ex-Director dos Serviços SIGNIS em Roma (SSR).
Movidos pelos testemunhos partilhados connosco e pela visita que fizemos ao Centro Memorial do Genocídio de Kigali, comprometemo-nos a sempre usar os media para promover uma cultura de paz.
Inspirados pelo rápido desenvolvimento tecnológico, social e de infraestruturas de Ruanda, poucos anos depois dos trágicos eventos do genocídio, acreditamos que uma nova África, e melhor, é possível. Por mais curta que tenha sido a nossa estadia, adquirimos úteis inspirações e aprendemos lições profundas sobre a nação ruandesa.
Informamos a todos os membros de SIGNIS África que a Constituição de SIGNIS-África até agora provisória, e assinada em 2019 no Congresso de SIGNIS África de Adis Abeba, foi ratificada e adoptada como documento jurídico fundamental para orientar e regular as operações da associação.
Encorajados pela ratificação, foram realizadas as eleições baseadas na nova Constituição para o novo Conselho de Administração de SIGNIS África. Os seguintes Delegados foram devidamente eleitos com votação secreta para o próximo mandato de quatro anos:
Rev. Pe. Prof. Walter Ihejirika, Nigéria – Presidente
Rev. Pe. Alberto Buque, Moçambique –Vice-Presidente
Rev. Pe. Dieu-Donné Kofi Davor, Ghana – Secretário Geral/ Ecónomo
Rev. Pe. Webb Amouzou, Costa do Marfim – Membro (Região da RECOWA/CERAO)
Ir. Adelaide Ndilu, Quénia – Membro (Região da AMECEA)
Rev. Pe. Fidele Mutambazi, Ruanda – Membro (Região da ACEAC)
Irmão Alfonse Kugwa, Zimbabwe - Membro (Região da IMBISA).
Sínodo sobre a Sinodalidade
No seu discurso principal, o Bispo Badejo afirmou que o Sínodo agora em andamento sobre a Sinodalidade da Igreja universal é um projeto de comunicação que desafia os profissionais dos media em África a criar maneiras práticas de dar voz àqueles marginalizados por algumas das nossas estruturas eclesiásticas e na sociedade em geral. Isto nos chama a um novo modo de sermos Igreja.
Os delegados foram ainda esclarecidos sobre a necessidade de ver os media como um verdadeiro e viável instrumento de evangelização, cujo uso eficaz ajudará a Igreja a cumprir o seu mandato missionário (Mt. 28, 18-20; Act. 1,8).
Nas várias sessões e apresentações, os participantes foram esclarecidos sobre as preocupantes realidades de divisão no Continente africano, que resultaram em consequências catastróficas que afetaram negativamente o bem-estar do povo de Deus.
Recomendações
Ao fim do nosso Congresso e Assembleia dos Delegados, nós membros da SIGNIS África levantámos as seguintes preocupações e recomendações:
Propomos as seguintes recomendações. Nomeadamente,
Aos Comunicadores Católicos Africanos
1. No espírito da sinodalidade, todas as estruturas católicas de comunicação em África precisam priorizar a introspecção e a construção de uma Igreja mais inclusiva e participativa. Isto também significa trazer mais mulheres e jovens para as nossas estruturas de governo.
2. Todos os Comunicadores Católicos do Continente devem estar constantemente conscientes de que escutar é fundamental. Caminhar juntos em sinodalidade implica escutar a um nível mais profundo, a todas as pessoas sem preconceitos.
3. Recomendamos que todas as Conferências Episcopais nacionais adoptem o modelo da Nigéria e do Burkina Faso de comemorar o Dia Mundial da Comunicação durante uma semana inteira, em vez de celebrar durante um dia. A comemoração por uma semana espalhada nas paróquias pode ser usada para a educação aos media e para várias atividades de conscientização nas comunicações eclesiais.
4. A comunicação social é a serva da missão evangelizadora da Igreja. Como Comunicadores católicos em África, renovamos a nossa disponibilidade como comunicadores a nível paroquial, diocesano, nacional, regional e continental, para promover cada vez mais a missão da Igreja. O nosso apelo é que a Igreja em geral abrace e incorpore as comunicações sociais em todas as atividades pastorais.
5. A sinodalidade é uma questão de chegar respeitosamente ao outro. Recomendamos aos nossos Comunicadores católicos em África para que aprendam mais de uma língua internacional e cultivem o espírito de formar redes. Isso ajudará a construir pontes, a encorajar a partilha de projectos dos media e garantir um compromisso eficiente no nosso serviço à Igreja e à humanidade.
À sociedade Africana em geral
1. Continuamos a observar com angústia e total desaprovação os ataques, sequestros e assassinatos não provocados, incessantes e irracionais contra cidadãos indefesos e, em particular, cristãos, em muitos Países africanos como a Nigéria e o Burkina Faso - na verdade, em toda a região do Sahel. Exortamos fortemente os Governos africanos a fazer muito mais pela saúde e segurança.
2. Enquanto construímos a nova África que queremos, os Governos, grupos e indivíduos africanos deveriam esforçar-se para ultrapassar as artificiais fronteiras territoriais a que os legados do colonialismo submeteram o Continente. É chegado o momento de perseguir todos os elevados ideais de conectividade de que a União Africana tem falado muitas vezes, mas raramente implementado.
3. Como Africanos, sentimo-nos orgulhosos pela nossa identidade, celebramos e promovemos os nossos valores e estimamos a nossa dignidade como povo de nobre herança. Este é um mantra que vale a pena promover nas nossas escolas, Igrejas e comunidades.
Conclusão
Os membros de SIGNIS África agradecem a Deus pelo sucesso deste Congresso. Obrigado a todos os Comunicadores que fizeram sacrifícios para participar neste importante encontro. Os nossos anfitriões, Ruanda, superaram as nossas expectativas e agradecemos aos Bispos da Conferência Episcopal de Ruanda pelo seu apoio e encorajamento. Agradecemos a todos os grupos e indivíduos que contribuíram para o sucesso deste Congresso. Continuamos a sentir-nos em dívida com a Pontifícia Obra para a Propagação da Fé que, ao longo dos anos, se tem feito parceira acompanhando os nossos projectos de comunicação, através dos tão necessários financiamentos.
Finalmente, desejamos sucesso ao Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagáscar (SCEAM/SECAM) na sua próxima Assembleia, em Acra, Gana. Rezamos para que Deus, no seu amor paterno, derrame abundantes bênçãos e ilumine a todo o seu povo, em África e no mundo. Confiamos todos os nossos esforços de comunicação à intercessão de Nossa Senhora de Kibeho.
Publicado neste dia, 15 de julho de 2022
e assinado por:
Rev. Pe. Prof. Walter C. Ihejirika
Presidente, SIGNIS África
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