Faleceu a cantora caboverdiana, Titina Rodrigues
Dulce Araújo - Vaticannews e Rádio Nova de Maria - Cabo Verde
A notícia da morte da Titina foi dada pela também cantora e amiga Ana Firmino numa publicação nas redes sociais considerando ser uma “grande perda para Cabo Verde”.
A cantora natural de São Vicente e cujo verdadeiro nome era Albertina Alice dos Santos Rodrigues Oliveira de Almeida, tinha agora 75 anos, mas, desde cedo começou a cantar e considerava que Deus lhe deu uma oportunidade e uma felicidade de poder cantar e aprender com um dos maiores compositores do país do género da morna, B. Léza.
Titina Rodrigues fez estas declarações à Agência Caboverdiana de Notícias por ocasião da sua passagem pela Cidade da Praia, em 2018, onde foi homenageada pela Sociedade Caboverdiana de Autores (SOCA), pelo contributo que deu à música caboverdiana.
Em finais da década de 1970, gravou um EP com acompanhamento do grupo Voz de Cabo Verde e arranjos de Paulino Vieira. E, cerca de uma década depois, saiu o EP “Titina Canta B.Léza”, em que a cantora interpretava unicamente músicas deste compositor. Este álbum foi reeditado em LP e depois mais duas vezes em CD.
Titina Rodrigues participou ainda nos discos “Cabo Verde canta a CPLP”, “Músicas de Intervenção Cabo-verdiana e Lisboa nos Cantares Cabo-verdianos”, projectos temáticos de Alberto Rui Machado que, em 2008, produziu o CD que Titina lançou com o título “Destino Cruel”.
Em 1991, a cantora fez uma participação na série televisiva “Por Mares nunca dantes navegados”, do realizador Carlos Avilez para a RTP. Participou ainda no programa “A língua viva” (2001) da RTP, dirigido aos PALOP com o objectivo de ensinar a língua portuguesa.
O seu último trabalho foi no teatro, em 1996 quando participou em “O Último baile do Império” uma produção da companhia portuguesa “A Barraca”, com encenação de Maria do Céu Guerra, a parte de texto do brasileiro Josué Montello - informa a Rádio Nova de Maria, emissora cristã de Cabo Verde.
"África em Clave Feminina" recordou a Titina há pouco tempo
À Titina, o Programa Português/África da Rádio Vaticano dedicou, a 25 de novembro de 2021, a emissão semanal "África em Clave Feminina: música e arte". Para além de suas interpretações célebres de mornas como "Bejo de Sodade" do seu grande mestre, B.Leza; e da coladeira "Grandeza" do álbum "Lisboa nos cantares cabo-verdianos", a emissão traz também uma entrevista que a Titina concedera, em 2008, a Margarida Caetano, da Destak TV e em que conta o seu percurso de artista e vicissitudes da vida. A nós não fora possível entrevistá-la por se encontrar já doente.
A emissão traz também a crónica de Filinto Elísio (Rosa de Porcelana Editora) em que ele enaltece esta "Grande Diva da música cabo-verdiana", o seu talento, sonhos e desilusões. Uma Diva cujo percurso poderia ter sido semelhante ao de Cesária Évora se o seu destino tivesse sido diferente. Resta, todavia, a sua marca, a sua determinação, a dedicação à família e a retomada da gravação a solo em 2008 com o CD "Cruel Destino" e desejo de prosseguir na sua arte, orgulhosa da voz.
Aqui fica essa edição de "África em Clave Feminina: música e arte"
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