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Z?mbia rumo ¨¤s elei??es gerais: Bispos apelam ¨¤ n?o viol¨ºncia

A popula??o da Z?mbia ir¨¢ ¨¤s urnas no dia 12 de agosto para eleger o novo Presidente da Rep¨²blica e os deputados. Neste contexto, os Bispos do pa¨ªs, reunidos em Assembleia Plen¨¢ria, lan?am um apelo a evitar a viol¨ºncia e discursos de ¨®dio durante a campanha eleitoral.

Pope

 ¡°Lançamos um apelo a todos os candidatos políticos para que se abstenham de atos de violência e de discurso de ódio e, indiquem, pelo contrário, as razões pelas quais devem ser eleitos¡±:  assim escreve a Conferência Episcopal da Zâmbia (ZCCB) em nota divulgada a 16 de julho, no final da sua Assembleia Plenária. O título da mensagem é: "Estejam em paz uns com os outros".

O pensamento dos bispos vai, de modo particular, para as eleições gerais de 12 de agosto: presidências e parlamentares. Bens destruídos, sequestros, carnificina, incitação ao ódio com base na pertença étnica: estes são os sinais preocupantes que se registam no país e para os quais os Bispos convidam a encontrar soluções. Esses eventos, na verdade, ¡°tinham como objetivo intimidar uma parte dos cidadãos alinhados com um partido, ao invés de outro, empurrando-os a escolher os seus representantes na onda do medo¡± ¨C escrevem os prelados que recordam aos eleitores que devem eleger os candidatos da sua preferência sem se deixar influenciar indevidamente. Ao mesmo tempo alertam contra os que instigam à violência política, reiterando que ¡°este tipo de disputa não deve equivaler a uma luta mortal em que se perdem vidas ou bens, apenas para chegar ao poder¡±. Antes, o que é preciso é que o enfrentamento político se baseie ¡°num programa de ação em favor da população que, na sua maioria, é pobre¡±.

Juntos, formamos uma só Nação

A ZCCB recorda a seguir que o país é constituído por pessoas que têm "diferentes estilos de vida, diferentes grupos étnicos, diferentes línguas e diferentes interesses", mas que juntas formam "uma só nação", em "espírito da unidade, como sempre defendeu o recém-falecido, Kenneth David Buchizya Kaunda ", considerado o Pai da Nação e que foi o primeiro Chefe de Estado (1964 a 1991)".  Vivíamos como irmãos e irmãs na unidade e no amor. Da mesma forma, como um povo, devemos ter em grande consideração a inviolável sacralidade da vida humana¡± ¨C salientam.

Os prelados recordam ainda que a Zâmbia ¡°é conhecida por ser um país amante da paz e um farol de reconciliação em África¡± e que ¡°as próximas eleições não são nem as primeiras nem as últimas da história nacional, mas sim um acontecimento recorrente¡±. Por isso, ¡°não devem ser manchados com derramamento de sangue, porque há vida antes, durante e depois das votações¡±. «Procuremos, pois, ter consideração e respeito mútuos - dizem os Bispos ¨C pois toda vida é sagrada e a vida de todos e de cada um é importante».

Dirigentes altruístas e temerosos de Deus

Um novo apelo é lançado aos cidadãos para que, "sem se enganarem", escolham dirigentes "altruístas, temerosos de Deus e que têm no coração os interesses do povo e da nação". Reiterando, portanto, aos próprios bispos a importância de ¡°serem imparciais ao guiar os fiéis¡±, a Conferencia Episcopal acrescenta: ¡°A liderança vem de Deus e pelas urnas¡±.

Além disso, a Igreja dirige a todos os atores políticos um apelo à promoção da paz durante o período eleitoral, desejando que cada um "assuma plena responsabilidade e transforme este compromisso em realidade, de modo a iniciar uma convivência pacífica entre os membros dos diferentes campos políticos e de interesses, conduzindo a eleições não violentas¡±.

Pandemia de Covid-19

Olhando para o difícil contexto causado pela pandemia da Covid-19 que, até agora, na Zâmbia já infetou 188 mil pessoas, mais de três mil das quais faleceram, os bispos convidam cidadãos a ¡°respeitar as diretrizes de saúde para salvaguardar a própria vida e a dos outros do coronavírus que assolou as comunidades nacionais e internacionais¡±. A nota episcopal se conclui com uma oração ao Senhor, para que dê a paz ao país, ¡°antes, durante e após as eleições ".

Conselho Nacional de Leigos Católicos

Recorde-se que a reflexão dos bispos vem depois da do Conselho Nacional dos Leigos Católicos que, nos últimos dias, exortou os fiéis leigos a serem "a luz do processo democrático", convidando-os também a " ¡°serem parte integrante do processo pré-eleitoral". ¡°É correto ¨C sublinharam - que os católicos leigos também concorram a assentos políticos. Desta forma, poderão fazer com que a Igreja, portadora de bem, esteja devidamente representada entre os líderes políticos.¡±

A Frente Patriótica (PF), liderada pelo presidente Edgar Chagwa Lungu, que ambiciona um segundo mandato de cinco anos, terá como concorrentes, a 12 de agosto próximo, vários partidos de oposição, o principal dos quais é o Partido Unido para o Desenvolvimento Nacional (UPND), liderado por Hakainde Hichilema. Mas a luta preanuncia-se renhida. Com efeito, nas últimas semanas, as tensões entre as duas partes aumentaram. Já no mês passado a Comissão Eleitoral os havia suspendido da campanha eleitoral na capital e em três outros distritos, devido a atos de violência. Outras proibições dizem respeito a campanhas eleitorais de porta em porta que não podem ser conduzidas por grupos de mais de três pessoas.

Períodos eleitorais críticos

Por outro lado, há que sublinhar que a Zâmbia já tem registado períodos eleitorais críticos: em 2016, as eleições presidenciais foram marcadas por confrontos, violência e censura à liberdade de imprensa, apesar de terem sido os primeiros tripartidários. Com efeito, o multipartidarismo só foi introduzido em 1991, no final da longa presidência de Keneth Kaunda. Além disso, em 2020 houve um acalorado debate entre a Frente Patriótica e as forças de oposição que acusavam o executivo de corrupção e de outras atividades ilícitas, como tráfico ilegal de madeira, falta de clareza na assinatura de contratos, atribuição de novas concessões de mineração a empresas estrangeiras. E falta de transparência na gestão de fundos do Estado.

Relatório da Amnistia Internacional

O recente relatório da Amnistia Internacional sobre o respeito dos direitos humanos no país entre 2012 e 2020 também não foi muito abonatório.  Em particular, a liberdade de associação, manifestação e expressão foi limitada, graças à aprovação de leis especiais, concebidas para favorecer apenas o governo, em detrimento da oposição ¨C sublinha-se. 

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21 julho 2021, 15:41