Rep¨²blica Democr¨¢tica do Congo. Bispos: elei??es pac¨ªficas e transparentes at¨¦ 2023
Cidade do Vaticano
No centro dos debates do Conselho Permanente da Cenco esteve o Leste do País, a crise humanitária e a questão dos direitos humanos em toda a República Democrática do Congo.
Intitulada "Rasgai o vosso coração e não as vossas vestes" (Joel 2:13), a mensagem inicia com o ponto sobre a actual situação política após o fim da coalizão de governo formada pela Frente Comum para o Congo (FCC) do ex-presidente Joseph Kabila e o ¡°Rumo à Mudança¡± (Cach) de Felix Antoine Tshisekedi. Uma mudança que os Bispos saudam favoravelmente, advertindo porém que "não basta mudar apenas de campo político (mudar de vestido)", mas que é preciso "romper com os antivalores" e comprometer-se a trabalhar pelo bem estar dos congoleses, que ¨C afirmam os prelados - passa pela consolidação da democracia no País.
¡°Seria frustrante para o povo ver quem participou nos saques, na insegurança, nas violações dos direitos humanos voltar ao poder sem dar sinais de arrependimento e conversão¡±, alertam os Bispos congoleses, reiterando que a reforma do sistema eleitoral e a reorganização da Comissão Eleitoral Independente (Ceni) antes das próximas eleições, deve ser uma prioridade para o novo Executivo.
Emergência sanitária da Covid-19
A mensagem se concentra então na situação socioeconómica, começando com a emergência sanitária da Covid-19. Embora a República Democrática do Congo tenha sido até agora poupada dos efeitos mais nefastos da pandemia, os Bispos estão preocupados com a fragilidade do sistema nacional de saúde e o negacionismo generalizado entre muitos congoleses, com o consequente relaxamento do cumprimento do distanciamento social recomendado pelas autoridades da saúde. Por outro lado, eles saudam favoravelmente a retomada, no passado dia 22 de fevereiro, das aulas presenciais nas escolas e universidades.
Igreja assegura educação gratuita em 98,8% das suas escolas
Ao mesmo tempo, porém, lamentam os baixos salários dos professores e as infraestruturas escolares inadequadas que comprometem a qualidade do ensino. A este respeito, eles recordam que a Igreja Católica ¡°assegura uma educação gratuita em 98,8% das suas escolas¡± e está ¡°disposta a colaborar com o Estado para uma saudável gestão da educação e para a consolidação e sustentabilidade do ensino básico gratuito¡±.
Emergência segurança no Leste do País
Na mensagem, a Cenco chama mais uma vez à atenção para a emergência da segurança sobretudo na parte oriental do País, agravada pela presença de grupos armados que as forças do Exército apoiadas pela Missão da ONU na RDC (Monusco), ¡°ainda não consiguem erradicar¡±. São prova disso os ¡°massacres de populações, os sequestros e deslocamento de pessoas em Kivu do Norte e Ituri, e recentemente o desprezível assassinato do Embaixador da Itália na República Democrática do Congo com o seu guarda-costas e o motorista¡±, recordam os Bispos, referindo-se ao homicídio ocorrido na semana passada em Kivu do Norte do embaixador Luca Attanasio, do agente de segurança Vittorio Iacovacci e do motorista Mustapha Milambo.
Condenação da violência e corrupção endémica impune
A Cenco condena igualmente a ¡°repressão a activistas dos direitos humanos, os ataques contra civis por parte de grupos armados ou de forças governamentais, os impedimentos à liberdade de expressão e de manifestação¡±, ao mesmo tempo que também denuncia a corrupção endêmica que continua impune. ¡°Uma justiça verdadeira e que esteja ao serviço da recuperação, da paz e reconciliação do País deve ocupar-se indiscriminadamente de todos os autores de crimes económicos e de violações dos direitos humanos¡±, afirmam os Bispos.
A mensagem termina com uma série de recomendações dirigidas ao povo congolês e às instituições. Em particular, a Cenco exorta todos os cidadãos a rejeitar a violência e ao mesmo tempo a ser protagonistas da mudança. Finalmente, os Bispos pedem a todas as instituições políticas e judiciais um empenho comum para garantir eleições livres, transparentes e pacíficas em 2023.
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