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D. Jo?o Carlos Hatoa Nunes, Bispo de Chimoio, Mo?ambique D. Jo?o Carlos Hatoa Nunes, Bispo de Chimoio, Mo?ambique 

Mo?ambique. Bispo de Chimoio: paz e reconcilia??o um sonho que dura h¨¢ 28 anos

Aos 4 de outubro de 1992, o presidente de Mo?ambique Joaquim Chissano e Afonso Dhlakama, o l¨ªder da ReNaMo, a guerrilha que lutava desde independ¨ºncia contra o governo de Maputo, assinavam em Roma um Acordo geral de paz que punha fim a 17 anos de guerra civil. Mas 28 anos depois daquele acordo hist¨®rico, a paz no Pa¨ªs parece ser ainda um longo sonho: afirma D. Jo?o Carlos Hatoa Nunes, bispo de Chimoio, que - em entrevista ¨¤ Aci Africa - faz um quadro detalhado de todos os desafios, ganhos ou perdidos, que Mo?ambique tem enfrentado nas ¨²ltimas tr¨ºs d¨¦cadas.

Cidade do Vaticano

 ¡°O Acordo de Roma ainda não deu os frutos necessários para uma paz duradoura - sublinha o prelado - e uma grande parte da população continua a viver no medo, devido à prolongada violência¡±. A reconciliação, enfim, "é ainda um desejo", contra o qual falam os numerosos "ataques nas zonas centro e norte" do País. Aqui, de facto, sobretudo em Cabo Delgado, ataques de milícias que se proclamam jihadistas, já causaram inúmeras vítimas e milhares de deslocados internos.

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Os moçambicanos ¡°querem a paz¡±, sublinha D. Hatoa Nunes, mas ainda não conseguem ¡°trabalhar juntos para o desenvolvimento do País¡±. De facto, apesar de,  em 6 de agosto de 2019, ter sido assinado um novo tratado de paz entre o Chefe de Estado, Filipe Nyusi, e o dirigente da ReNaMo, Ossufo Momade, a situação continua crítica. ¡°A reconciliação nacional foi deixada de lado - denuncia o bispo de Chimoio - dando-se prioridade às eleições, realizadas em outubro de 2019, e em que o vencedor dos votos acabou por ser também o vencedor da guerra¡±.

E não só: o processo de paz iniciado há 28 anos revelou-se ¡°ténue e frágil¡±, e portanto difícil de consolidar: ¡°Prova disso - explica o prelado - são os vários acordos que se foram assinando ao longo do tempo para tentar resolver aspectos que faltam ou não bem desenvolvidos no Acordo de Roma". E quem paga o preço é a população que luta todos os dias pela sobrevivência, ¡°enquanto a insegurança aumenta¡±. ¡°A paz não depende apenas da assinatura de um tratado - enfatiza D. Hatoa Nunes - mas de como as pessoas vivem depois de se alcançar um acordo e como partilham as preocupações e resolvem os problemas¡±.

Recorde-se que o conflito existente em Moçambique suscitou viva atenção internacional depois da Mensagem "Urbi et Orbi" do Papa Francisco no passado dia 12 de abril, Domingo de Páscoa, na qual pedia proximidade e oração pelas "populações que atravessam graves crises humanitárias, como na Região de Cabo Delgado, no norte de Moçambique¡±. Além disso, no dia 19 de agosto, D. Luiz Fernando Lisboa, bispo de Pemba, recebeu um telefonema de proximidade e solidariedade do Papa Francisco, que dirigiu ao prelado palavras de encorajamento e conforto na oração, exortando-o a continuar na sua missão.

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08 outubro 2020, 09:39