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Pe. Hans Zollner é membro da Comissão para a Proteção dos Menores Pe. Hans Zollner é membro da Comissão para a Proteção dos Menores  

Pe. Zollner: “O encontro sobre a proteção dos menores dará resultados concretos”

Entrevistas ao referente do encontro que se concluiu no último domingo, no Vaticano. Logo chegarão as diretrizes, leis para o Estado da Cidade do Vaticano e uma força-tarefa para ajudar todas as Conferências Episcopais do mundo.

Federico Piana - Cidade do Vaticano

“Os resultados chegarão.” Padre Hans Zollner, referente do encontro sobre “A proteção dos menores na Igreja”, está convencido de que o encontro no Vaticano dará frutos copiosos, concretos.

A quem critica o encontro, definindo-o apenas uma vitrine de palavras e sem ações, ele responde calmamente: “É preciso ter a paciência de esperar. Não estamos no ano zero. A Igreja há muito tempo está comprometida no combate aos abusos.”

Pe. Zollner: Durante três dias e meio não é possível mudar o mundo. Recebemos várias indicações sobre coisas realmente muito concretas, importantes. No domingo à tarde, a Comissão organizadora se reuniu. Na parte da manhã, tivemos uma reunião com os chefes dos dicastérios e representantes dos organismos da Cúria Romana para entender como podemos iniciar um processo de implementação. A seguir, nos reunimos para estabelecer um plano tempestivo que garantirá que em breve teremos resultados muito concretos.

Quais serão esses resultados?

Pe. Zollner: Atualmente, temos em programa algumas coisas: as diretrizes para o Estado da Cidade do Vaticano e as leis para o Estado da Cidade do Vaticano que serão praticamente promulgadas daqui a pouco. Teremos também a criação de uma força-tarefa, ou seja, grupos de especialistas que irão ao mundo inteiro para ajudar as Conferências episcopais que mais precisam, pois faltam pessoas competentes. Em muitas partes da África e da Ásia não existe uma cultura da prevenção. Não existem, na Igreja e na sociedade, pessoas capazes de levar esse trabalho. Portanto, para iniciar um processo de reflexão, mas também uma ação efetiva de implementação da proteção dos menores, serão enviadas pessoas capazes de ajudar as Conferências episcopais e as congregações religiosas a fazerem de tudo para que naquela área do mundo os jovens estejam segurados.

Entendi que a máquina inteira está em movimento. Não se fechou um processo com esse encontro, mas se abriu. Então, a partir de agora, se passa para a parte concreta, conforme pedido por algumas vítimas...

Pe. Zollner: Sim, se não começamos do zero! Já agimos, em algumas parte do mundo, com muitas medidas de segurança, proteção que poderão ajudar e inspirar outras áreas do mundo a trabalhar de forma consistente para dar seguimento a esse encontro que teve um resultado, para mim, encorajador: a conversão, mudança de atitude, da parte de muitos bispos, sobretudo nas áreas em que até agora diziam: “Este não é um tema que nos diz respeito...”. Na África, na Ásia, onde muitas vezes eu ouvi: “Este é um problema do Ocidente, não temos esses crimes”. Ao invés, eles entenderam que não somente há esses crimes em seus países, mas que devem fazer de tudo para fazer justiça, ouvir as vítimas e trabalhar com toda força para a prevenção.

Desse encontro que se concluiu, tomou-se realmente consciência sobre esses abusos?

 Pe. Zollner: É um resultado que não pode ser medido facilmente, mas obviamente, é uma coisa que vimos nos momentos em que as vítimas de abuso falaram de seu sofrimento: momentos muito fortes. Ninguém deixou a sala sem ser tocado. Penso que ninguém tenha deixado o encontro sem estar decidido a fazer o possível para melhorar a situação.

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26 fevereiro 2019, 15:29